quarta-feira, 9 de julho de 2014

Vida na era Paleozoica - Parte 2

Acredita-se que os crossopterígios podiam apoiar-se no solo com as nadadeiras e "caminhar" pelo fundo de rios e lagos. Esse modo peculiar de locomoção teria permitido a eles a realização de incursões à terra firme, em busca de alimento, aquecimento solar e, como consequência, o aumento de atividade metabólica. Gradativamente, eles foram se adaptando às condições do meio aéreo e suas nadadeiras evoluíram, transformando-se em pernas. Essa foi, provavelmente, a origem dos primeiros vertebrados a habitarem a terra firme, os anfíbios, entre 408 e 360 milhões de anos atrás.

Representação artística de Eoherpeton (Eoherpeton watsoni), 
espécie de anfíbio primitivo. Por Karen Carr.

O fato é que os anfíbios não conquistaram a terra firme por completo, uma vez que sua reprodução continuou sendo realizada em meio aquático. Eles expandiram-se durante o período Carbonífero, entre 360 e 286 milhões de anos atrás, tendo sido o grupo de animais de grande porte dominante em terra firme por cerca de 75 milhões de anos atrás, simultaneamente à expansão dos répteis, com os quais devem ter competido em desvantagem. Entre 438 e 408 milhões de anos, no período Siluriano, surgiram as primeiras plantas vasculares, isto é, dotadas de vasos condutores de seiva.

Fóssil de Cooksonia (Cooksonia pertoni), plantas que surgiram 
no período Siluriano. Autor desconhecido.

Graças a essa inovação evolutiva que se deu às plantas vasculares, puderam elas atingir grandes tamanhos e formaram as primeiras matas nas margens de regiões alagadas. As primeiras plantas vasculares reproduziam-se de modo semelhantes ao das pteridófitas atuais, como gametófitos que dependiam de ambientes úmidos para seu desenvolvimento. No decorrer do período Devoniano, entre 408 e 360 milhões de anos atrás, surgiram espécies cujos gametófitos se desenvolviam sobre o corpo da planta-mãe, formando um tipo de semente.

Representação artística que trata da paisagem Devoniana. Autor desconhecido.

O aparecimento dessa inovação evolutiva foi um grande passo para a conquista definitiva do ambiente de terra firme pelas plantas. Tornando-as independentes da água líquida para a reprodução, as plantas puderam expandir-se para locais distantes das zonas alagadas. Durante o período Carbonífero, entre 360 e 386 milhões de anos atrás, grandes florestas passaram a cobrir os continentes, criando ambientes úmidos e protegidos, favoráveis à vida de insetos e anfíbios. Esses animais diversificaram-se em inumeras espécies, com diferentes tamanhos e formas corporais.

Fóssil de Lepidodendron (Lepidodendron lycopodioides), um dos principais gêneros fósseis 
botânicos do Carbonífero, de Westfalian, em Piersberg, Alemanha. Autor desconhecido.

Nas florestas do Carbonífero, viviam desde anfíbios com cerca de 6 m de comprimento até pequenas espécies desprovidas de pernas. A vegetação era composta por pteridófitas com aspecto semelhante a samambaias, por exemplo, porém maiores, atingindo alguns metros de altura. No período Permiano, entre 286 e 245 milhões de anos atrás, surgiram as primeiras plantas gimnospermas, caracterizando-se por possuir uma forma primitiva de semente. A partir dessa época, até o período Cretáceo, as florestas foram constituídas por pteridófitas gigantes e gimnospermas.

Representação artística de floresta Carbonífera; note que há tipos bem 
diversificados de plantas e animais. Por Karen Carr.

Os répteis surgiram no período Carbonífero, entre 360 e 286 milhões de anos atrás, diversificando-se muito e tornando-se o grupo dominante no período seguinte, o Permiano. Um ganho evolutivo importante, que contribuiu para o grande sucesso dos répteis, foi o aparecimento de ovos dotados de casca dura e que podiam armazenar grande quantidade de nutrientes. Os répteis então deixaram de depender de ambientes aquáticos para se reproduzir, espalhando-se em ambientes até então dominados por anfíbios de grande porte, competindo com eles e, provavelmente, causando sua extinção.

Representação artística que trata da paisagem Permiana. Em destaque, Dimetrodonte 
(Dimentrodon grandis), espécie que floresceu nesse período. Por Karen Carr.

O fim da era Paleozoica e o início da era Mesozoica, ocorreu há cerca de 245 milhões de anos atrás, transição que foi marcado por uma brusca mudança climática no planeta, tornando-o frio e seco. Geleiras passaram a cobrir a maior parte dos continentes e a maioria das espécies até então existentes se extinguiu. De certa forma, essa extinção favoreceu algumas espécies de répteis que haviam sobrevivido, seja por questões de alimentação ou territórial; o fato é que os répteis que sobreviveram dariam origem aos mais incríveis seres que viriam a habitar nosso planeta.

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